Home Office e Produtividade: O Que Está Acontecendo com as Empresas?
Nos últimos anos, o home office deixou de ser um recurso emergencial adotado durante a pandemia para se tornar parte da estratégia de trabalho de inúmeras empresas, principalmente no setor de tecnologia. No entanto, a discussão voltou com força após a notícia de que o Itaú demitiu cerca de 1.000 profissionais por baixa produtividade no home office.
Esse movimento reforça uma tendência que já vinha sendo observada: grandes organizações estão revendo suas políticas de trabalho remoto e chamando os colaboradores de volta ao presencial ou, pelo menos, para modelos híbridos.
Mas afinal, o home office realmente não é produtivo ou estamos diante de um desafio de gestão?
O desafio da produtividade no trabalho remoto
O trabalho remoto oferece inúmeras vantagens: flexibilidade, redução de tempo em deslocamentos, economia de custos para empresa e colaboradores, além de ampliar o acesso a talentos em diferentes regiões.
Porém, para que funcione bem, é preciso lidar com desafios que impactam diretamente a produtividade:
Autogestão e disciplina pessoal
Nem todos os profissionais têm facilidade em organizar sua rotina fora do escritório. A ausência de uma supervisão presencial pode gerar dispersão, atrasos e dificuldade de manter o foco.
Infraestrutura e ambiente de trabalho
Internet instável, equipamentos inadequados e ambientes com distrações (família, barulho externo, falta de espaço) reduzem o desempenho.
Falta de indicadores claros
Muitas empresas ainda não estruturaram processos de acompanhamento baseados em entregas. Sem metas mensuráveis, líderes têm dificuldade em avaliar a performance e garantir que os resultados estejam dentro do esperado.
Desconexão com a cultura organizacional
O trabalho remoto pode enfraquecer o senso de pertencimento, a troca espontânea entre colegas e a construção de vínculos com a empresa.
Esses fatores somados contribuem para a percepção de que o home office é menos produtivo, mas, na verdade, revelam lacunas de gestão e estrutura.
Por que tantas empresas estão voltando ao presencial?
A decisão de retomar os colaboradores ao escritório não é isolada. Além do Itaú, empresas em diversos setores estão revendo suas políticas de home office. Os principais argumentos são:
Maior controle e visibilidade sobre o que os times estão produzindo.
Colaboração e inovação mais rápidas em atividades que dependem de troca constante de ideias.
Fortalecimento da cultura corporativa e engajamento da equipe.
Melhora no treinamento e integração de novos colaboradores.
Contudo, é importante observar que voltar ao presencial não é uma solução mágica. Se a empresa não tiver métricas claras de desempenho, processos bem definidos e líderes preparados, a improdutividade continuará existindo, seja no home office ou no escritório.

O setor de tecnologia e a valorização da flexibilidade
Na área de tecnologia, a discussão ganha um peso especial. Profissionais de TI — desenvolvedores, analistas, arquitetos de sistemas, especialistas em segurança e tantos outros — valorizam flexibilidade e liberdade como fatores decisivos na hora de escolher uma empresa.
Na experiência da HUNT IT, consultoria especializada em recrutamento de tecnologia, percebemos diariamente que muitos talentos rejeitam vagas presenciais justamente porque já estão acostumados com a autonomia e o equilíbrio proporcionados pelo trabalho remoto ou híbrido.
Além disso, a possibilidade de contratar profissionais de qualquer região do país (ou do mundo) amplia o acesso das empresas a especialistas que antes não estariam disponíveis. Fechar a porta para o home office pode, portanto, limitar a competitividade na atração e retenção de talentos.
Home office: vilão ou falta de estrutura?
A questão central não deve ser simplificada em um “home office funciona” versus “home office não funciona”. A verdade está no meio:
Com estrutura, processos e cultura bem definidos, o trabalho remoto pode ser altamente produtivo.
Sem esses fatores, tanto o remoto quanto o presencial tendem a apresentar falhas.
Um exemplo disso é o uso de ferramentas de acompanhamento de tarefas (como Jira, Trello, Asana, Monday.com), combinadas com reuniões de alinhamento curtas e objetivas (como as daily meetings do modelo ágil). Essas práticas ajudam a manter a visibilidade sobre o que está sendo feito sem a necessidade de microgestão.
O modelo híbrido como alternativa
Diante da polarização, muitas empresas têm encontrado no modelo híbrido o caminho do equilíbrio. Esse formato oferece:
Momentos de convivência presencial, fortalecendo a cultura organizacional.
Dias de trabalho remoto, preservando flexibilidade e qualidade de vida.
Acompanhamento estruturado, focado em entregas e resultados, e não apenas em horas trabalhadas.
O híbrido exige planejamento, mas pode ser a melhor forma de combinar produtividade com engajamento.
Conclusão: o futuro do trabalho é flexível
O caso do Itaú acendeu um alerta para líderes e profissionais de todo o mercado: a discussão sobre produtividade no home office ainda está longe de um consenso. Mas o ponto mais importante é entender que a performance depende menos do local de trabalho e mais da clareza de objetivos, do estilo de liderança e da capacidade de adaptação das empresas e dos profissionais.
Na HUNT IT, acreditamos que o futuro do trabalho será cada vez mais flexível e orientado a resultados. Por isso, apoiamos empresas de tecnologia a encontrarem os melhores talentos, prontos para atuar em diferentes modelos — remoto, híbrido ou presencial.
A grande questão não é onde o trabalho acontece, mas sim como ele é conduzido.